quem diz que não se aprende NADA nas aulas de história, que é só decoreba pura, com certeza mente. de que outra forma eu, no ensino fundamental, teria sido tão marcada por ele, juscelino kubitschek (cujo nome escrevo sem pesquisar a grafia no google), o cara que meteule 50 anos de “progresso” em cinco? aquilo ali me bateu quando eu era uma little pequena garotinha (redundância intended).
a partir dessa reflexão, apresento o nada original “kubitschek mode”, que é quando eu tento socar 50 anos em cinco, 50 atividades em 10 minutos e assim por diante.
nos últimos dez dias eu desempenhei o papel de guia turístico para minha irmã que veio passear em porto alegre. segui a cartilha e levei ela no gasômetro, na fundação iberê camargo, no margs, na casa de cultura mário quintana e, óbvio, para tomar suco direto da jarra de liquidificador na lancheria do parque. me senti a própria laurinha lero de férias com o irmão. tudo isso enquanto eu tinha que trabalhar e essa é a pior parte: conciliar o modo “todo dia é sábado” com a persona proletária.
mas, mais do que isso, assistimos muitos filmes (sete) nos cinemas e em casa. e é sobre filmes que vou falar nessa news.
oppenheimer (nolan)
aqui eu vou enaltecer o clube de cinema de porto alegre por ter proporcionado essa experiência a seus associados (em especial nosso diretor de programação, o carlos eduardo) num sábado de manhã geladinho e com direito a guloseimas e água para “tankarmos” as três horas de filme.
cillian murphy está impecável no papel, é caso de ganhar o oscar ou, pelo menos, ficar na mira dessa gente que avalia quem é bom ator e quem não é.
as três horas passam relativamente de boas para quem ama os imbróglios filosóficos e éticos da física. muitas coisas me surpreenderam no filme, por exemplo o fato do nolan não ter usado CGI pra nada. gostaria de ver em IMAX, mas não sei até quando fica em cartaz, não sei se tenho dinheiro e disposição pra me deslocar até o único cinema que possui o recurso. ou seja: sei nada. só sei que é um baita filme e dá tranquilamente pra criticar os eua como bons filhosdaputa que são.
5 ⭐
fale comigo (danny philippou, michael philippou)
isso aqui é total influência da alana (minha irmã). ela tinha lido/assistido resenhas sobre esse filme de terror (definitivamente um gênero que não sou muito chegada) e as avaliações positivas eram tantas que foram capazes de me convencer a ir ao cinema pra assistir.
digamos que a bomba que oppenheimer construiu não seja tão potente quanto esse filme foi uma bomba pra mim.
ok, “os entendidos” darão mil razões para defender essas 1h45 de tortura que, além de alguns jumpscares, não oferece nada de original na história (desculpa, não oferece). valeu só a experiência de ir ao cinema com minha maninha e algumas partes que, infelizmente, eu tive que gargalhar ao invés de ficar com medo.
2 ⭐
tudo em todo lugar ao mesmo tempo (daniel kwan, daniel scheinert)
bem, depois de ser submetida a fale comigo, decidi aproveitar a companhia da alana para assistir o tudo em todo lugar ao mesmo tempo finalmente, amém. acho que preciso de uma edição especial da newsletter pra falar apenas sobre esse filme.
dinãmico, divertido, esteticamente bonito, fruição pura, história de mãe e filha apresentada de um modo original, um modo… refrescante (tô tentando achar um adjetivo melhor que esse, mas a ideia é essa), sensível. todos os sentimentos em todos os lugares ao mesmo tempo.
esse filme representa tudo o que o cinema é pra mim, mistura de emoções de um modo aparentemente despretensioso (quando se trata de linguagem, nada é por acaso).
5 ⭐
past lives (celine song)
assisti esse filme coagida pela alana (mentira, assisti de bom grado) que postou uma review no aplicativo lá de escrever resenha sobre filme (letterboxd) e achou a história bonitinha e pipipi, daí eu que pedi pra ela reassistir o filme comigo.
past lives conta a história de dois amigos de escola, nora e hae sung, que são separados pela mudança da família de nora para o canadá. eles ficam mó tempão sem se falar e depois se reecontram através do famigerado facebook e passam a se falar virtualmente todos os dias. nesse ponto, nora está morando em nova york. isso aponta para que, quem sabe, os dois vão se reaproximar fisicamente, casar, formar família, dividir boleto.
mas não é muito assim.
nora é escritora e possui ambições e desejos bastante diferentes de hae sung, que continua na coreia do sul durante sua vida adulta.
o rapaz se dá conta de que sempre nutriu um amor por nora, mas ela meio que seguiu em frente e o filme, que poderia ir por um caminho bem romantiquinho fanfic hollywood, toma outros rumos. gostei. gosto quando o filme não entrega aquilo que 60383847 filmes já entregaram.
se serve de estímulo, quando acaba o filme começa a tocar quiet eyes, da rainha sharon van etten, que é de destruir o coração. amei.
4 ⭐
decision to leave (park chan-wook)
ok, isso aqui é elite. enquanto past lives fala de duas pessoas que se apaixonam e se encontram/afastam de um modo trivial, decision to leave entrega uma história de duas pessoas que se envolvem e uma atrai a atenção da outra de um jeitinho bem, mas beeeeem, psicopata (foi assim que a alana me convenceu que precisávamos ver esse filme).
em muitos momentos lembrei do cinema de hitchcock e de godard, algumas cenas de perseguição me remeteram ao filme o samurai, com o bonitão alain delon, mas, claro, com a pegada sul-coreana, creio que um vagar de contar uma história que, muitas vezes, não encontramos em cinemas mais comerciais.
anyway, tem suspense, ação, perseguição e um pouco de romance.
4 ⭐
bem-vindos de novo (marcos yoshi)
esse documentário relata a história dos pais do diretor, marcos yoshi. quando ele e suas irmãs eram adolescentes, os pais decidiram ir para o japão para tentar a vida lá, uma vez que eram descendentes diretos. após treze anos afastados, comunicando-se por cartas e fotos, os pais de yoshi voltam ao brasil e o rapaz faz um trabalho de reconstrução afetiva e documental da família. particularmente achei um jeito bem legal de contar a história familiar e também como marcos yoshi “estuda” os pais nesse processo de reaproximação.
4 ⭐
casa vazia (giovani borba)
filme de estreia do diretor giovani borba, casa vazia é anunciado como um faroeste contemplativo dos pampas. personagens taciturnos, sombrios, homens quietos, um campo sem glamour, o gaúcho que não usa bombacha e faca comprada no zaffari (palavras do próprio giovani, que fez a gentileza de conversar com os associados do clube de cinema de porto alegre).
raul, interpretado de forma brilhante por hugo nogueira, atravessa uma crise que corta o coração dos homens: é preciso ser forte, garantir o sustento da família, mas as adversidades o empurram para outras direções: álcool, dívidas, roubo de gado.
a paisagem de santana do livramento/rivera é lindíssima e é personagem também da trama. os longos momentos sem falas, apenas tomadas da noite ou do dia, garantem um sabor especial à experiência cinematográfica.
por falar nisso, é impossível não pensar nas dualidades colocadas no filme: a noite e o dia, o raul ladrão de gado e o raul que se junta aos vigilantes da fazenda. o raul que é presença na casa vazia, casa essa abandonada pela esposa isabel e os filhos. essa família é uma ausência na casa e no coração de raul e é impossível não sentí-la como uma presença, pois, ainda que a gente nunca venha a ver isabel e as crianças, essas pessoas existem, estão nos discursos das personagens.
enfim, meio que me enredei nas ideias, mas só posso recomendar muito que assitam o filme, principalmente para quem gosta de ver o rio grande do sul nas telonas.
4 ⭐
espero que tenham curtido as recomendações dessa news e que busquem o conhecimento assistir essas belezuras.
merchan ruído branco
às vezes eu esqueço que sou escritora independente e que preciso vender meus livros. se ainda não comprou meu livro de poemas, vá agora no site da gênio editorial e garanta o seu.
fim da newsletter
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